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sábado, 2 de outubro de 2010

Efeito Dominó

Todos nós recebemos do universo "sinais" acerca dos padrões que repetimos e que causam sofrimentos. Lembramos da frase mais pronunciada por psicólogos e Terapeutas: "fique no coração... faça o que o seu coração pede!" E, questionamos: quando faço isso, sou mal interpretado.

Porém, sabemos também que se não agirmos a nosso favor, enfrentaremos mais dissabores. Isso causa muita polêmica e discussão, porque muitos entendem "fazer o que o coração pede" como "egoísmo" e outros aproveitam a chance agindo de forma insincera, usando essa colocação em proveito próprio.

A história do sutra chamada: A insensatez e a estupidez dos tolos, conta:  “Havia, certa vez, um homem que se irritava com facilidade. Um dia, dois outros homens estavam conversando a respeito do homem irritadiço, em frente à casa onde ele vivia. Um dizia ao outro: "Ele é um belo homem, mas é impaciente demais; tem um temperamento explosivo e se zanga rapidamente". O homem irritadiço, ouvindo a observação, irrompeu da casa e atacou os dois amigos, batendo, chutando e magoando-os.”

"Este fato nos ensina que quando um sábio é advertido sobre seus erros, refletirá sobre isso e melhorará sua conduta. Quando, entretanto, um insensato tem sua má conduta apontada, não somente desprezará o aviso, como também continuará a repetir o mesmo erro".

Usar o caminho do discernimento é a chave. É preciso "aprender a ouvir os sinais", sermos observadores de nós mesmos. A sabedoria (a de alma, não o conhecimento) nos ajuda a desenvolver a humildade, atributo do 2º Raio dourado do Amor-Sabedoria. O Mestre Confúcio, Chohan do 2º Raio nos alerta para os cuidados que devemos ter na nossa vida em relação aos "ataques inimigos", como ele denomina as formas-pensamentos e as más companhias, que são desastrosos para a nossa vida espiritual, tirando-nos a faculdade de discernir e fomentando o orgulho.

A pessoa sensata, equilibrada e humilde reconhece com facilidade onde estão suas fragilidades e dificuldades, abrindo espaço para novas oportunidades, novas parcerias, e uma jornada com muito mais qualidade, material e espiritual. Essas qualidades eliminam definitivamente de nossas vidas o Efeito dominó, pois, para sairmos de padrões de sofrimento que se repetem na vida, precisamos antes reconhecê-los, enfrentá-los, para depois, ultrapassá-los.

Para reconhecer, precisamos ser humildes. Para enfrentar, necessitamos de coragem, e, para ultrapassar, temos que ter fé, equilíbrio e sermos sensatos, pois, as velhas tendências não somem de uma hora para outra, apenas porque as reconhecemos e enfrentamos, pois, já viraram hábitos instalados. O termo insensatez significa falta de senso e desequilíbrio.

O insensato não consegue perceber o grau de sofrimento dele próprio, pois, mergulha na falta de humildade, na arrogância e no orgulho. Geralmente, são pessoas que tomam atitudes na vida "de acordo com as companhias que tem", pois, sem auto-estima precisam ser aceitos pelo seu grupo e jamais aceitam uma opinião contrária que lhes desaponte.

Podemos ter consciência de um comportamento e não conseguir ou mesmo não saber como modificá-lo, pois, já se tornou um hábito e eles causam situações desagradáveis, trazendo dor e sofrimento desnecessários. Hábitos instalados são geradores de formas-pensamentos que atraem sempre as mesmas situações e entramos num círculo vicioso que nos paralisa, entorpece, ilude, e impede a evolução. Nos deixa estagnados no velho.

Quanta dificuldade evitaríamos enfrentando as más situações, com humildade. Só essa virtude nos auxilia a desmoronar as barreiras do ego, para enfrentarmos o efeito dominó de uma maneira aberta e consciente. Existem 3 virtudes no homem que o impedem de alcançar essas dádivas: a ignorância, a imprudência e a insensatez.

Com a mudança planetária, é urgente entendermos que uma reforma íntima deve originar-se da transformação profunda do Ser Humano. Reeducação não é tarefa fácil, nem rápida, pois, necessita de exercício constante. A chama Dourada do Amor-Sabedoria pode nos auxiliar muito através da virtude do discernimento a reconhecer, enfrentar e ultrapassar todos os padrões repetitivos que trazemos. Quando sofremos, ficamos mais próximos de nossa alma. O sofrimento significa que algo está errado, pedindo para ser encarado e transmutado.

Olhe para isso como oportunidade de entrar em contato com sua alma, conhecê-la profundamente, elevar sua consciência e alcançar a paz.



VERA GODOY
por El Morya Luz da Consciência - nucleo.elmorya@veragodoy.com
http://somostodosum.ig.com.br/clube/c.asp?id=22976

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Posso Errar?


Por Leila Ferreira
 Há pouco tempo fui obrigada a lavar meus cabelos com o xampu “errado”. Foi num hotel, onde cheguei pouco antes de fazer uma palestra e, depois de ver que tinha deixado meu xampu em casa, descobri que não havia farmácia nem shopping num raio de 10 quilômetros. A única opção era usar o dois-em-um (xampu com efeito condicionador) do kit do hotel. Opção? Maneira de dizer. Meus cabelos, superoleosos, grudam só de ouvir a palavra “condicionador”. Mas fui em frente. Apliquei o produto cautelosamente, enxagüei, fiz a escova de praxe e... surpresa! Os cabelos ficaram soltos e brilhantes — tudo aquilo que meus nove vidros de xampu “certo” que deixei em casa costumam prometer para nem sempre cumprir. Foi aí que me dei conta do quanto a gente se esforça para fazer a coisa certa, comprar o produto certo, usar a roupa certa, dizer a coisa certa — e a pergunta que não quer calar é: certa pra quem? Ou: certa por quê?
O homem certo, por exemplo: existe ficção maior do que essa? Minha amiga se casou com um exemplar da espécie depois de namorá-lo sete anos. Levou um mês para descobrir que estava com o marido errado. Ele foi “certo” até colocar a aliança. O que faz surgir outra pergunta: certo até quando? Porque o certo de hoje pode se transformar no equívoco monumental de amanhã. Ou o contrário: existem homens que chegam com aquele jeito de “nada a ver”, vão ficando e, quando você se assusta, está casada — e feliz — com um deles.
E as roupas? Quantos sábados você já passou num shopping procurando o vestido certo e os sapatos certos para aquele casamento chiquérrimo e, na hora de sair para a festa, você se olha no espelho e tem a sensação de que está tudo errado? As vendedoras juraram que era a escolha perfeita, mas talvez você se sentisse melhor com uma dose menor de perfeição. Eu mesma já fui para várias festas me sentindo fantasiada. Estava com a roupa “certa”, mas o que eu queria mesmo era ter ficado mais parecida comigo mesma, nem que fosse para “errar”.
Outro dia fui dar uma bronca numa amiga que insiste em fumar, apesar dos problemas de saúde, e ela me respondeu: “Eu sei que está errado, mas a gente tem que fazer alguma coisa errada na vida, senão fica tudo muito sem graça. O que eu queria mesmo era trair meu marido, mas isso eu não tenho coragem. Então eu fumo”. Sem entrar no mérito da questão — da traição ou do cigarro —, concordo que viver é, eventualmente, poder escorregar ou sair do tom. O mundo está cheio de regras, que vão desde nosso guarda-roupa, passando por cosméticos e dietas, até o que vamos dizer na entrevista de emprego, o vinho que devemos pedir no restaurante, o desempenho sexual que nos torna parceiros interessantes, o restaurante que está na moda, o celular que dá status, a idade que devemos aparentar. Obedecer, ou acertar, sempre é fazer um pacto com o óbvio, renunciar ao inesperado. 
O filósofo Mario Sergio Cortella conta que muitas pessoas se surpreendem quando constatam que ele não sabe dirigir e tem sempre alguém que pergunta: “Como assim?! Você não dirige?!”. Com toda a calma, ele responde: “Não, eu não dirijo. Também não boto ovo, não fabrico rádios — tem um punhado de coisas que eu não faço”. Não temos que fazer tudo que esperam que a gente faça nem acertar sempre no que fazemos. Como diz Sofia, agente de viagens que adora questionar regras: “Não sou obrigada a gostar de comida japonesa, nem a ter manequim 38 e, muito menos, a achar normal uma vida sem carboidratos”. O certo ou o “certo” pode até ser bom. Mas às vezes merecemos aposentar régua e compasso. 
 
Leila Ferreira é jornalista, apresentadora de TV
e autora do livro Mulheres – Por que será que elas..., da Editora Globo

Vende-se Tudo

Por Martha Medeiros

 
No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos.

O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento.

Uma outra mãe, ao meu lado, comentou:

- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem. 
- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.
 
Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes.

O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa.

Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi.

Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante. Eu convidava para subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas.

Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu, mais sem alma.

No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros...

Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material.

Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo.

Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar.

Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que se torna cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida...

Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile. Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio. Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.

Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde. Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza.

Só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir.


Ausências...

É... às vezes eu fico um pouquinho ausente daqui.
A minha alma pede um descanso
a fim de tentar organizar-se
dentre tantas informações diárias.

Mas eu sempre volto!
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