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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Comportamento: COMO MUDAR OS OUTROS


por Mário Rizzi
Coordenador do Projeto Caduceo



Paramahansa Yoganada, grande sábio indiano do século XX, costumava dizer:

“Primeiro, muda a ti mesmo. Reforma a ti mesmo e reformarás dez mil.”


Nunca devemos permitir que o comportamento dos outros destrua a nossa tranqüilidade mental. É bem difícil para todos nós permanecer mentalmente calmos e frear a língua quando alguém nos irrita. Mas nenhum ser humano pode se permitir dizer a todos os que o perturbam como deveriam se comportar uma correção de comportamento não solicitada explicitamente cria um grande ressentimento, e ninguém deveria tentar impor a sua vontade ou as suas idéias sobre aqueles que o cercam sem que eles o tenham solicitado claramente. É preciso lembrar sempre que, a menos que a pessoa esteja procurando um guia, ouvir alguém dizer o que devemos fazer não nos dá nenhum prazer.

Ninguém gosta de receber conselhos que o forçam a agir de certo modo. Quando a pessoa estiver pronta para receber um conselho, ela o solicitará de preferência a alguém que vive com ela, alguém que ela ama ou admira, e só quando tiver a chance de observar que mudanças benéficas aconteceram na vida desse alguém.

Essa colocação é muito importante, porque quem deseja ser guiado quer que a mensagem que lhe chega seja válida e verificável. Isso significa que quem dá um conselho deve primeiro mostrar que esse mesmo conselho já foi recebido e vivido por ele com resultados positivos.

Seja, em primeiro lugar, um exemplo de como você gostaria que os outros fossem. Se você for sujeito à ira e a dar respostas duras ou irônicas, se você pune e bate nos seus filhos sem nenhum motivo, se você é nervoso e se agita facilmente, grita ou fala de maneira pouco gentil, a primeira coisa a fazer é: mudar a si mesmo. Esta é a melhor maneira de mudar aqueles que vivem ao seu redor. Mudar a si mesmo não é fácil, mas é possível.

Os esforços do ser humano deveriam tender a fazer de si mesmo um indivíduo respeitado e apontado como exemplo, uma pessoa cuja palavra possui um peso e um valor. Alguém que fala com verdadeira sabedoria e compreensão, e nunca com raiva, nervosismo, ciúme ou desejo de dar o troco a aquele que, conscientemente ou não, o feriu de algum modo.

- E depois que o estrago está feito? Como consertar tudo?

Na Índia, um importante comerciante me procurou e disse: - “Estou realmente desencorajado e agitado. Estou tendo problemas tanto com minha companheira quanto com meus empregados. Cada vez que falo com eles não consigo evitar usar um tom duro. Como posso sair dessa situação?”

- “Você quer a verdade ou prefere que eu lhe diga aquilo que você gostaria de ouvir?”, perguntei-lhe.

- “Quero que me diga a verdade.”

- “Muito bem, você deve aprender a deixar rolar, deve deixar de ser assim tão tenso. A cada dia tenha um tempo para se relaxar e pensar em Deus. Faça de conta que a sua vida acabará dentro de instantes, ou que seu corpo já está morto (esta é uma experiência muito interessante). De repente, você sentirá que as suas responsabilidades já não são suas...”

Dois anos depois, quando voltei à Índia, um dos seus empregados me disse: -“Hoje, ele é um homem diferente, muito mais calmo e paciente conosco. Existe agora muito mais paz e harmonia entre nós, e por isso conseguimos produzir bem mais, porque não vivemos tensos e nervosos o tempo todo.”

Um maravilhoso exemplo! Enquanto você permanecer tenso e nervoso, o seu cônjuge e os seus filhos reagirão e se comportarão de maneira idêntica. Não pode ser de outro modo. Se você deseja que o clima na sua casa seja diferente, você deve tomar a iniciativa e ter paciência, pois as coisas não acontecerão da noite para o dia. É um processo lento e natural. Mesmo se, aparentemente, nenhum resultado aparece, não desanime, não perca a coragem e evite se autocrucificar por um aparente fracasso.

Yogananda afirmava: “Deus deu a cada ser humano um dom abençoado: a privacidade do seu pensamento. Nela, todo ser humano pode viver e criar em silêncio uma compreensão e uma amizade com Deus, e isso não deixará de se refletir durante toda a sua vida, nas suas relações com a família, com aqueles que o cercam, com o mundo inteiro. Mesmo se aqueles que vivem com você não mudarem de modo perceptível, as mudanças que aconteceram com você lhe tornarão menos vulnerável ao mau comportamento dos outros.”

Nós aprendemos uns com os outros. Cada um é, de certa forma, nosso mestre, nosso professor. As crianças, por exemplo, nos ensinam a ser infinitamente pacientes e a superar o nosso egoísmo e os nossos interesses para poder modelar suas vidas de modo correto. Ao mesmo tempo, nós somos os mestres delas, pois compete a nós a responsabilidade de guiá-las e educá-las de modo que um dia possam se lançar da melhor maneira possível na sua vida auto-suficiente.

Ao viver todas essas relações humanas, adquirimos uma purificação e uma expansão do nosso amor. Só o amor pode produzir mudanças nos outros. Ame as suas crianças, o seu marido, a sua esposa e companheira com o grande amor, a grande compreensão e compaixão de Deus. Ele reforça os laços entre os seres humanos e libera as suas relações terrenas dos limites impostos pelo apego egoísta, que tende a diminuir e a pôr limites ao próprio amor. Nada sufoca mais o amor do que o apego possessivo: “Você tem de fazer isso porque você me pertence e, assim sendo, eu tenho o direito de lhe tratar dessa maneira.” Este é, quase sempre, um jeito certo de condenar à morte uma relação humana, que poderia ser harmoniosa, serena, prazerosa e feliz.

Quando existe uma completa compreensão e comunicação entre duas almas, ali existe verdadeira amizade e amor. Quando as pessoas aprendem a manter a amizade, o respeito e o cuidado nas suas relações matrimoniais, e naquelas fora do matrimônio, nunca chegam ao ponto de abusar dos outros ou de se ressentir quando sofrem com tal abuso. Enfim, comece a fazer a Sua parte e deixe o resto nas mãos de Deus. E assim voltamos ao discurso do início: “Se você deseja mudar os outros... comece primeiro por mudar a si mesmo.”

Cuidado como você fala!
O tom pode ferir mais do que as próprias palavras.



Fonte: www.procaduceo.org

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