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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O que é desapego? Desapegar-se?



Às vezes pensamos em desapego e logo imaginamos uma pessoa sem posses, vagando pela rua e vivendo de caridade. Mas será que desapego é realmente isso?

Sinto um grande desconforto nesta imagem, pois estamos num Universo que pode nos prover de absolutamente tudo. Então... Como fica o desapego? Onde se encaixa? De que forma ele deve estar inserido em nosso crescimento?

Se a Fonte deseja que sejamos felizes em nossas aspirações, sonhos e projetos... Como nos portarmos de forma desapegada?

Creio que desapego nada tem a ver com desprovimento, necessidade, sofrimento. Ao contrário... Muitos, na tentativa de desapegar-se das coisas, apegam-se ao desapego como forma de justificar sua prostração perante a vida.

Se quisermos exercitar a co-criação, a precipitação... No que iremos focar? Provavelmente na criação ou realização de projetos que nos trazem alegria, felicidade, estímulo e confiança. No entanto, é preciso estar ciente de que não devemos apegar-nos na “coisa” criada, palpável, material; pois isso é passageiro. Neste caso, o exercício do desapego deve ser aplicado justamente para que não caiamos na armadilha do Ego que nos faria sentir como “donos” absolutos das coisas, fazendo com que deixássemos de lado a sensação, a emoção, a alegria da criação, criatividade e manifestação.

Já diz a música: “É preciso saber viver!” Sim... É preciso saber viver, discernindo e interpretando a palavra de Deus Pai/Mãe na busca da nossa verdade e felicidade sem jamais esquecer da essência humana que nos leva a concretizar nossos sonhos mais “absurdos”. Talvez, olhando para o que realmente importa, possamos encontrar o equilíbrio entre o Ser e o Ter; sem a necessidade de conflitos entre ambos.

O Ter nos traz conforto, segurança (até certo ponto), facilita possibilidades e movimentações...

O Ser é essência, é alma, é evolução, o que realmente importa e que nos acompanhará eternamente.

Toda nossa criação (material ou não) deveria estar vinculada a algo maior, mais singelo, que nos liga a Deus Pai/Mãe: à pureza de nossa Alma Luz, nosso Eu Superior, ao que nos diz o nosso coração; pois somente esta “bagagem” proveniente do nosso aprendizado - emocional, sentimental, espiritual – será mantida sempre conosco. Todo o resto, é desapego.

Por isso, crie, invente, desenvolva, construa, adquira, use a imaginação, sonhe, obtenha, realize, tenha, mantenha; mas não apegue-se, não valorize demasiadamente o fruto da sua criação. O que vale mesmo, de verdade, é o sumo e o processamento destas experiências: a alegria, o amor, a vontade, a fé, o desenvolvimento da inteligência, a beleza estimulante e criadora, a paz interior...


por Rosane Araujo - 09 de agosto de 2010

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